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Missão Vale do Silício 2025: O que aprendi no epicentro da inovação

Vale do Silício, Califórnia. Primeira parada: São Francisco. Uma viagem para insights, descobertas e, acima de tudo, um lugar que naturalmente estimula novos relacionamentos de negócios. No Vale, tudo pulsa com criatividade: é um ambiente caloroso, vibrante e repleto de oportunidades — onde conexões surgem entre um café e uma ideia, e a inovação se mistura com o cotidiano.

Entre ruas com casas centenárias de arquitetura charmosa, bondinhos que parecem cenográficos e marcos da história americana, pulsa também a memória mais recente — a das grandes revoluções tecnológicas. Foi ali que nasceram ícones como Google, Apple, HP e tantas outras que moldaram o presente. Hoje, é também onde vemos o amanhã se desenhar diante dos nossos olhos: carros autônomos da Waymo desfilando pelas ruas, IA sendo aplicada em escala real e uma cultura que nos desafia a pensar diferente.

Convido você a mergulhar comigo nessa jornada. Uma experiência que não apenas mostrou o que está por vir, mas que também reacendeu em mim a certeza de que inovação é, antes de tudo, uma forma de enxergar o mundo. Vamos juntos?

A revolução da IA: Todo mundo fala, poucos sabem o que estão fazendo

Uma das frases que mais ouvi dos profissionais com quem conversamos foi: “ninguém sabe exatamente onde isso vai dar”. A sensação predominante é que estamos no meio de algo tão transformador quanto incerto. Mesmo os gigantes da tecnologia caminham com cautela em meio à velocidade das mudanças.

Na Oracle, por exemplo, ouvimos visões e comentários sobre como a IA está sendo integrada ao ecossistema de tecnologia — sem, necessariamente, substituir estruturas como o SaaS, mas complementando com recursos como vector search, embeddings, fine-tuning e agentes baseados em linguagem natural.

A empresa também compartilhou investimentos em infraestrutura para IA, como um centro de treinamento no Texas, e o uso interno de agentes inteligentes em áreas como RH. Mas o sentimento predominante era de que ainda estamos descobrindo os limites e as possibilidades dessa nova era.

Robôs, IA e o futuro do trabalho: A visão provocadora de Alex Dantas

Alex Dantas, fundador do Circuit Launch, trouxe uma das falas mais inquietantes da Missão Vale do Silício. Segundo ele, estamos diante de um cenário onde a substituição do trabalho humano é tecnicamente inevitável — resta saber como iremos reagir social, econômica e emocionalmente a isso.

Humanoides, IA criativa, automação profunda… Alex argumenta que já superamos a barreira do processamento e estamos avançando nos demais desafios (materiais, energia, dados, preço e aceitação cultural). O alerta dele foi claro: a espécie mais inteligente do planeta não somos mais nós — e a adaptação será obrigatória.

Imersão no Vale do Silício, IA e muita tecnologia
Executivos do Grupo Ikatec durante a imersão no Vale do Silício. (Foto: Arquivo pessoal)

Inovação e empatia em Stanford: Uma aula na d.school

Na d.school de Stanford, participamos de uma aula laboratorial baseada em Design Thinking, voltada a destravar novas ideias para o desenvolvimento de projetos e produtos. A experiência foi prática, colaborativa e desafiadora — o foco era gerar ideias sem julgamento, testar hipóteses com agilidade e observar as reais necessidades dos usuários.

O Design Thinking, quando aplicado com profundidade, nos força a sair da zona de conforto. É uma metodologia que valoriza a escuta, o teste rápido e a flexibilidade. A aula foi um lembrete importante: grandes inovações nascem de boas perguntas — não de respostas prontas.

Cultura, pessoas e tecnologia: Lições de quem vive o ecossistema

Felipe, executivo do YouTube (Google), compartilhou sua visão sobre cultura empresarial a partir de sua experiência também em empresas como Spotify e Netflix. Uma fala que ficou na minha mente: “A música é uma commodity, mas o que importa é o vínculo com o usuário”.

No YouTube, como em outras empresas do Vale do Silício, há uma valorização clara da autonomia, responsabilidade e experimentação. No entanto, isso vem com uma cultura de dados muito forte: projetos sem resultados claros não têm espaço por muito tempo.

Outra lição importante foi sobre o vínculo emocional com a tecnologia. Felipe explicou que usuários que interagem com um produto em vários dispositivos tendem a ser mais leais — um dado relevante tanto para negócios B2C quanto B2B.

Para refletir: O que vai mudar (e o que não vai)

A IA vai transformar tudo? Talvez. Mas algumas verdades permanecem:

  • Pessoas ainda valorizam atendimento com empatia, mesmo quando mediado por tecnologia.
  • Soluções bem-sucedidas ainda começam pela observação real das necessidades.
  • Startups seguem crescendo com foco e nicho, não com soluções genéricas.

O que muda é a velocidade da execução, o grau de automação e a forma como geramos valor com dados.

Conclusão: A missão como pontapé

Visitar o Vale do Silício foi, acima de tudo, uma oportunidade de ajustar a lente com a qual enxergo o futuro. Voltei com mais perguntas do que respostas — e essa talvez seja a melhor prova de que a missão valeu a pena.

O Vale continua sendo um laboratório vivo de ideias, e o maior desafio que ele nos lança não é técnico — é existencial: estamos preparados para repensar a forma como trabalhamos, nos relacionamos e inovamos?

Talvez a inovação mais difícil seja aquela que precisa começar em nós mesmos.

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